domingo, 5 de setembro de 2010

A lenda de Christopher Blackburn


             Décadas atrás, quando o reino de Metazoom não estava consolidado ainda, o clã Blackburn lutava por sua liberdade nas terras ao sul da Floresta das Bruxas. Christopher acabava de assumir a liderança do clã, com a morte de seu pai na Batalha de Rio dos Tigres. Guerreiro nato, estrategista acima da média, Christopher aos 29 anos, possuía sabedoria suficiente para saber qual era o futuro próximo: a aniquilação de seu clã. As forças da família real eram incontestáveis, clã por clã, um a um, todos caiam. Mesmo sendo poderoso, experiente, dotado de força e vigor extraordinários, e tendo herdado a espada de seu pai, Vento Negro, forjada com ferro frio, e dizem as lendas, encantada pelo druida Arkaris após a morte do dragão Pluma Negra, Cristopher sabia que apenas um homem não era suficiente para parar a máquina de guerra real, ele precisava assassinar Lillian Darklile, rainha cruel, segundo os boatos, versada nas artes negras da feitiçaria, e protegida pelos Dragões das Sombras, a unidade de elite que sempre estava ao seu alcance. Para tal, Christopher só poderia ser bem sucedido através de ilusões e traição, sem nenhum feiticeiro ou poder equivalente em seu clã (que sempre abominou tais práticas), ele decidiu tomar uma medida drástica, buscar as bruxas que viviam no interior da floresta.
Ninguém são se aprofundava mais do que algumas centenas de metros na floresta, desaparecimentos eram freqüentes e todos sabiam que as lendas sobre bruxas não eram lendas, eram realidade. Christopher foi desencorajado por seus conselheiros a prosseguir com tal plano insano, mesmo assim, em uma certa madrugada, chamou Thalion, seu capitão mais confiável para andar sob a lua maior cheia, confidenciou seu plano a este, e pediu que reunisse as tropas para que todos estivessem prontos para atacar na próxima lua maior cheia para causar a distração necessária para ele ser bem-sucedido em sua tentativa de assassinato. Thalion, sendo não só seu capitão mais confiável, mas também seu melhor amigo, tentou dissuadi-lo, mas Christopher o fez jurar em nome de sua amizade que iria deixá-lo prosseguir com seu plano para salvar o clã. Assim, Christopher partiu nessa mesma madrugada, levando metade do ouro de seu clã em suas algibeiras e em posse de Vento Negro.
Antes da madrugada terminar, com sua lanterna erguida pela mão esquerda, espada em riste, Christopher avançara muito para o interior da floresta, um uivo profundo cortou  seu coração, por mais bravo que fosse, sabia que o uivo não era natural, sabia disso pois tremia sem controle algum, parou, girando em torno de si, tentando enxergar algo, ouvia o barulho de seres quadrúpedes pesados avançando de diversas direções, seu punho apertava Vento Negro com força, sabia que dependia mais do que nunca, que as lendas sobre a espada fossem verdadeiras, embora desconfiasse que a espada tinha ajudado seu pai muitas vezes, pois embora tenha sofrido alguns ferimentos mortais em batalha, sempre saiu vitorioso.
Lobos negros, com cerca de 2,5m de comprimento, param atônitos quando entram no alcance da lanterna de Christopher, este, lutando contra a fraqueza nas pernas enquanto olha para as criaturas, cujos olhos tinham um brilho verde infernal e os focinhos expeliam uma fumaça branca, sabia que as criaturas eram oriundas de algum inferno ou tinham sido transformadas pelas bruxas para servi-las, vencendo o tremor, partiu para cima do lobo mais próximo e desferiu um golpe certeiro na enorme cabeça da besta, um ganido gutural se seguiu, e sangue negro jorrou em sua armadura. Parece que em sua determinação, Christopher avançou contra o maior dos lobos, que com a cabeça sangrando pulou sobre ele, mordendo ferozmente seu ombro esquerdo, com um grito de dor, a lanterna cai de sua mão, os outros lobos avançam e atacam, mais de uma mordida o perfura, enquanto ignorando a dor indescritível Blackburn desfere outro golpe no dorso da besta líder, para seu espanto, um arrepio passa da espada para seu corpo, e ele sente uma energia assustadora invadir seu corpo, alguns dos ferimentos param de doer, e dotado de nova energia, o jovem líder investe contra o lobo maior novamente. Desta vez, cambaleante, mas com o brilho verde infernal cada vez mais intenso, o enorme lobo desfere uma mordida terrível que arranca a mão esquerda de Christopher, com um grito, este cai de joelhos, entretanto em meio ao torpor percebe que a besta deixou seu coração vulnerável, cravou a espada o mais fundo que pode, novamente, a sensação aterrorizante, o sangue que jorrava de sua mão decepada começa a estancar, a besta cai ao chão, seu corpo começa a derreter em uma poça fétida, Christopher acha que agora conhece o cheiro que o inferno tem, o desespero toma conta de sua alma, ainda há 5 ou 6 lobos infernais a serem derrotados, sabe que sua chance é mínima e passa por sua cabeça se sua alma será arrastada para o inferno e devorada. Mas os lobos começam a recuar, seu líder destruído, a presa com o chifre negro na mão é perigosa demais, e nesse momento ninguém pode forçá-los a arriscarem suas vidas.
Depois de incontáveis momentos ajoelhado, apoiado em sua espada, com calafrios percorrendo seu corpo, sentindo sua força vital escorrer pelas feridas, com o coração batendo como um tambor desvairado, os olhos verdes demoníacos e as presas gigantes em sua mente, Christopher avança trôpego.
O guerreiro perdeu a noção do tempo, não sabe quanto tempo andou, não sabe se é dia ou é noite, a floresta é escura demais, não sabe se os parcos feixes de luz que passam pela copa das árvores é da lua maior ou do sol. Sua mente está nublada pelo terror, por mais que esperasse dificuldade, não estava preparado para encontrar esse inferno, se quase morreu para bestas, não conseguia pensar em como vencer uma bruxa se não conseguisse convencê-la a ajudá-lo. Em meio a sua marcha torpe, escutou uma risada feminina, doce, doce como a de Tathyane, sua pretendida, ainda não tivera tempo de fazer nada além de observá-la, no ínterim de suas batalhas, que vida era aquela que seu clã levava agora? O tempo das risadas e do amor havia passado, só restava a sobrevivência. Procurou a dona da risada, o cansaço e a dor agiam como uma droga em seu corpo. Uma jovem lindíssima, trajada como uma aldeã, surge de trás de uma árvore, cabelos loiros lisos e compridos, adornados por tranças, o rosto suave de uma jovem com não mais do que 20 anos, o corpo voluptuoso, demais até para a idade que aparentava. “Meu cavaleiro precisa de ajuda?”, a voz doce novamente, Christopher relaxa e cai lentamente, apoiado na espada, fica sentado. A jovem se aproxima e começa a beijá-lo, cada vez mais intenso, Christopher mergulhava no único momento bom que tivera nos últimos tempos, mas quando a jovem terminava de tirar sua armadura, um pensamento o cortou como um raio, ele rola para o lado, segurando a espada novamente, fechando os olhos, pois o pensamento que lhe passou pela cabeça não permitia que ele estragasse aquela ilusão tão boa de uma vez “sei quem tú és, não podes ser uma aldeã no meio de floresta tão vil, não vim aqui para ser teu consorte, e sim para lhe fazer uma proposta”, o silêncio é cortado por um chiado, que nada parecia com a voz doce de outrora “e o que me impede de tomar o quero, guerreiro cambaleante?”, a voz agora parecia de uma anciã, destruída pela doença, com ruídos de fluídos na garganta e um tom que lembrava algo morto, Christopher foi abrindo os olhos já que sua mente começava a prepará-lo com uma imagem horrível, mas sua imaginação não foi suficiente, a criatura, enorme, parecia uma idosa apodrecida, a idéia de sua boca e seu corpo estarem juntos momentos atrás não ajudava muito, gaguejando, tentando imaginar que aquilo era apenas um sonho ruim, Blackburn profere: “minha espada, como acha que sobrevivi aos lobos que vieram do inferno?”. Uma gargalhada horrível se segue, “hilário esse jovem é...poderia carregar a montante de Porotek e ainda sim não seria páreo para mim, mas fiquei curiosa em ouvir tua proposta...diga o que queres meu delicioso jovem, e se me divertir, talvez me impeça de tomar seu sêmen e devorá-lo até os ossos...”, um calafrio percorreu a espinha de Blackburn, “tenho metade do ouro de meu clã comigo, e mais metade se fizer o que te peço, e um braço forte e hábil que empunha Vento Negro a seu dispor para uma missão”, “ainda não disse o que quer, tolo...” a voz morta retorna. “Quero que use tuas ilusões para que eu possa chegar até os aposentos da rainha-feiticeira”, um silêncio sombrio se faz presente, quebrado pela gargalhada novamente “poderosa ela é, precisarei da ajuda de minhas duas irmãs, logo, teu pagamento deverá ser o triplo”, “mas o ouro”, “não o ouro, tolo...” a bruxa corta sua frase, “seu braço forte, ou qualquer parte do seu corpo que nós três desejarmos...”, completa a bruxa, com um sorriso que faz Christopher pensar no inferno de novo, e sua mente lhe diz que sua vida já acabou, só restou esse pesadelo. “Que seja...meu clã será salvo, qualquer que seja o preço”, a gargalhada ecoa novamente “siga-me”, diz a bruxa, desaparecendo rapidamente entre as árvores.
Na noite que se seguiu, Christopher teve sua mente e corpo abusados e corrompidos pela tríade infernal, seu pesadelo seguiu até a lua maior cheia chegar novamente, quando suas tropas atacaram o forte de Darklile, Blackburn avançou como um anjo negro, guiado e disfarçado pela tríade, sua mente torpe, destruída por feitiços e ilusões, abusos e missões sangrentas, se guiava pelo único pensamento firme que permanecia: vingança, a morte de seu pai seria vingada, e seu clã poderia viver, rir e amar, embora ele não pudesse mais, o que lhe deu mais força. Destroçando os últimos sentinelas, Blackburn pegou a rainha de surpresa, e pouco tempo teve a feiticeira para reagir, o estado mental do líder impediu qualquer feitiço de controle e Blackburn, ao sobrepujá-la deu vazão a tudo de ruim que guardava em sua alma. No fim, lançou a cabeça decapitada da rainha pela janela, até as muralhas exteriores, e ateou fogo à seus aposentos. Vendo as chamas, seu exército recuou comemorando, enquanto as tropas reais, aturdidas retornavam em vão para deter o incêndio.
A última barganha de Christopher havia sido atendida, seu corpo e sua alma seria das três bruxas, por três fases da lua maior, uma para cada bruxa, e durante a lua crescente ele seria livre. Mas seu clã nunca mais viu sua face, de tempos em tempos, Christopher rondava sua terra natal, vigiando Tathyane e seu clã, mas sentindo-se corrompido, e com a sanidade cada vez mais comprometida, nunca retornou para viver como queria.


Fichas

Lobos de Hades

Clima/terreno: Hades; Frequência: muito rara; Organização: matilha; Ciclo de Atividade: qualquer; Dieta: carnívora (almas); Inteligência: baixa a média (5-10); Tesouro: nenhum; Alinhamento: Neutro e mau; N° de aparição: 4-16; CA: 6; Movimento: 18; DV: 6+6; TAC0: 13; N° de ataques: 1; Dano por ataque: 2d6+3; Ataques Especiais: decepar; Defesas Especiais: uivo infernal, arma+1 ou melhor; Resistência à magia: 15%; Tamanho: G (2,5m+); Moral: 13-14; Valor em XP: 4000.

Lobos de Hades rondam as camadas superiores de Hades em busca de seres mais fracos que possam devorar/atormentar. Bruxas da noite costumam "domesticar" um ou dois desses monstros, em matilha, o líder é sempre o mais forte (8+8 DV), e sem o seu comando, a matilha fica incapaz de tomar decisões, o próximo passo é recuar e começar as batalhas para a escolha do novo líder.
Em combate, os lobos uivam para amedrontar suas vítimas (teste de resistência à magia, com modificadores de sabedoria, ou a vítima fica com tremores e -2 de penalidade nas jogadas de ataque), e então a cercam, ferindo e matando o mais lentamente possível. A temível mordida é capaz de arrancar um membro em uma jogada de 20 natural (teste de resistência à morte por magia evita a perda do membro). Os lobos só podem ser atingidos por armas mágicas ou de ferro frio e possuem uma leve resistência à magia.
Seus inimigos naturais são os canoloths, se não houver nenhum presente em uma unidade mercenária yugoloth, é possível encontrar lobos de hades entre as tropas.
Os lobos que rondam a Floresta das Bruxas, foram convocados pela tríade de Agaenir décadas atrás, mas escaparam de seu controle após a primeira missão.

quarta-feira, 1 de setembro de 2010

Asgorathyr

Asgorathyr é um pequeno continente do planeta Selvos, que gira em torno da estrela Sydent, uma estrela vermelha muito antiga. Apesar do sol ser vermelho, há pouca diferença do ambiente de Selvos em comparação com a Terra, o planeta está dentro da biozona com o disco solar ligeiramente maior, a cor do céu é muito próxima a da Terra devido a composição das camadas mais altas da atmosfera e a grande espessura da atmosfera torna o sol avermelhado ao olho humano. 

Asgorathyr se localiza no hemisfério norte do planeta (é possível estabelecer uma melhor comparação com a Terra usando o kml postado anteriormente), e apesar de pequeno, abarca muitas etnias e raças. Atualmente, os 3 maiores reinos são Metazhun, Lokjar e Dragnak, reinos beligerantes, de grande poderio militar e econômico e que não expandiram mais, principalmente devido ao equilíbrio de poder entre eles.

Entretanto, as civilizações mais antigas estão distribuídas pelo continente sob a organização de cidades-estado, cujas alianças e tratados oscilam muito. O principal divisor dessas cidades, são as características geográficas e etnias, conhecidos pelos reinos do leste como Terras Selvagens Centrais, do Norte, do Oeste e do Sul, desnecessário dizer que este não é o termo utilizado pelos habitantes desses lugares.

Criado como cenário de campanha de Advanced Dungeons & Dragons, tem citações de seus livros e regras nas diversas descrições, contudo o cenário pode ser adaptado para outros sistemas. Tudo o que é compartilhado neste blog é de livre circulação e não visa lucros.